A sociedade atual é marcada pela cultura da produtividade, em que as pessoas são incentivadas a serem cada vez mais produtivas e eficientes, o que tem levado a uma epidemia de cansaço e esgotamento, assim como a um aumento dos problemas relacionados à saúde mental, como ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
Estruturado em um modelo de produção e consumo incessantes, o capitalismo estabelece um ideal de felicidade baseado no consumo, levando as pessoas a acreditarem que só serão felizes se possuírem determinados bens materiais. Em uma sociedade nitidamente individualista, conceitos como felicidade e sucesso são colocados como imperativos que todos nós devemos almejar, e que, além disso, só depende de nós mesmos, sendo a produtividade a chave para alcança-los.
Em que o consumo é estabelecido, no capitalismo, como uma fonte de felicidade e realização pessoal, esse modelo gera um ciclo vicioso em que o consumo excessivo leva a necessidade do aumento da produtividade, que por sua vez, aumenta a necessidade de consumir mais.
A ideia de que a produtividade é a chave para a felicidade e o sucesso, tem levado a uma cultura de competição, individualismo e pressão constantes. As pessoas são incentivadas a se destacar e serem produtivas o tempo todo, sem tempo para descanso ou lazer, o que tem levado ao esgotamento e ao adoecimento físico e mental. Trata-se de uma nova forma de organização coercitiva, na qual a cobrança por produtividade não é mais somente imposta por fatores externos, mas sim internalizada pelos próprios indivíduos, que se tornam vigilantes e cobradores implacáveis de si mesmos.
Além disso, o capitalismo cria um constante estado de insegurança financeira. As pessoas são incentivadas a trabalhar cada vez mais para garantir sua segurança financeira, e isso pode levar a uma sensação constante de precariedade. Quando estamos preocupados com o pagamento de contas ou a manutenção do nosso padrão de vida, é natural que nos sintamos mais ansiosos e estressados.
Essa dinâmica cria um ambiente de trabalho cada vez mais estressante, em que os trabalhadores são levados a trabalhar mais horas e a se esforçar cada vez mais para manterem seus empregos. Além disso, a precarização do trabalho e a incerteza em relação ao futuro profissional também contribuem para o aumento dos transtornos mentais.
Diante desse cenário, é urgente que repensemos nossa relação com o trabalho e o consumo. É necessário valorizar a qualidade de vida e buscar um equilíbrio entre trabalho e lazer, de modo a evitar o esgotamento físico e mental. No entanto, essa busca não pode ser realizada de forma isolada, sem uma discussão mais ampla sobre as condições de trabalho e a precarização das relações trabalhistas. A valorização da qualidade de vida só é possível através de uma mudança na cultura de trabalho e na forma como as empresas e governos encaram a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. O aumento dos transtornos mentais na sociedade atual é um alerta para que repensemos nossos valores e prioridades, buscando uma forma de viver que seja mais saudável e sustentável.