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Sobre autoestima

Como aumentar minha autoestima? Parece que essa é uma pergunta que todos, mas principalmente nós mulheres, estamos em alguma medida tentando encontrar uma resposta. Primeiro é importante distinguir que autoestima não é sinônimo de amor-próprio, menos ainda de si amar, ser autoconfiante, ou estar bem consigo mesmo o tempo todo, como se uma autoestima elevada se referisse a realização absoluta de um Eu Ideal – o que convenhamos, é um ideal totalmente irrealizável. Autoestima é a avaliação que fazemos sobre nos mesmos, ou seja, como nos percebemos e como acreditamos que o outro nos percebe, podendo esta valoração ser mais elevada, ou positiva, ou mais baixa, ou negativa.


Para a psicanálise, a autoestima está diretamente relacionada à formação do Eu, tal como afirma Freud, “parece-nos que a auto-estima expressa o tamanho do ego; […]. Tudo o que uma pessoa possui ou realiza, todo remanescente do sentimento primitivo de onipotência que sua experiência tenha confirmado, ajuda-a a aumentar sua auto-estima.”, mas, mais precisamente, encontra-se intimamente articulada à relação com o outro nesse desenvolvimento egoíco. Diretamente relacionada com a libido narcisista, Freud nos mostra como a autoestima relaciona-se com o amor e o desejo, ou seja, como somos nomeados e reconhecidos pelo outro, afirmando como, “nas relações amorosas, o fato de não ser amado reduz os sentimentos de auto-estima, enquanto que o de ser amado os aumenta.”


Sentir-se amado e reconhecido pelo outro é então a base para a formação de um eu autoconfiante em seus valores, capacidades e qualidades, ou seja, em si mesmo. Mas isso de forma alguma significa ser aquilo que se supõe que o outro deseja, mas significa precisamente saber quem si é e reconhecer-se como digno de ser amado enquanto si mesmo. O que também não significa ignorar ou não se importar com a opinião do outro – tarefa igualmente impossível tendo em vista nossa estruturação subjetiva como sujeitos sociais.


Busquemos então não uma autoestima ideal, mas uma autoestima possível, que ainda que seja atravessada pelas demandas colocadas pelo outro e pela cultura, aponte também para os nossos próprios desejos, limites e singularidades.

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